terça-feira, 25 de novembro de 2008



Corram!!!
Não percam!!!
INSTITUTO SOCIO AMBIENTAL DE VALÉRIA & MÍDIA REBELDE

APRESENTAM

CINECLUBE DO ISVA

TODO ÚLTIMO SÁBADO DO MÊS

LOCAL: ISVA (Final de Linha de Valéria, Salvador)

AS 18 HORAS

NESTE SÁBADO: 29/11

FILME: O QUARTO PODER

Sequestrador de criança é envolvido pela mídia, que está interessada apenas na audiência...

VENHA ASSISTIR E DISCUTIR

sábado, 15 de novembro de 2008

Curso de Bambu no ISVA




O curso de Bambu em Valéria realizado em primeiro de novembro de 2008 já deu resultados positivos. Logo após a realização do curso, o grupo do ISVA criou uma oficina e fabricou algumas peças. Vítor da H2Bio, organização solidária que tem suas oficinas em Pituaçu, foi quem realizou o curso de Bambu. Participaram cerca de 18 pessoas de Valéria com idades variando entre 12 a 70 anos. Como no próprio instituto e nas imediações existe bambu, acreditamos que é possível desenvolver essa atividade, preservando as espécies, mas ajudando na renda dos participantes. Nesse sentido, é que estamos organizando a formação de uma Cooperativa de Agroecologia de Valéria (CAVA) para atuarmos na área de artesanato, plantas medicinais, mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, árvores frutíferas.


Entrevista

Brasil , Salvador, 24 Jul 2008

"Não existe classes regulares, nem horários, muito menos avaliações
Aqui em Salvador, estamos desenvolvendo uma proposta educacional libertária no bairro de Valéria, inspirada nos modelos autogestionários e fortemente preocupada com a questão ambiental. Lutamos pela criação de uma escola viva, ao ar livre, junto à natureza, mas perto dos livros, tendo como princípio a solidariedade, a liberdade e o livre-pensar. Uma escola sem currículos pré-definidos, sem avaliações, sem autoritarismo. Uma escola para quem queira estudar, sem pressa, sem horários e entenda que é preciso respeitar a natureza e o ser humano"
. Quem diz isso é Eduardo Nunes, que atua no projeto "Escola e Biblioteca Comunitária Professor José Oiticica". A seguir, ele fala sobre essa iniciativa de inspiração libertária que funciona desde 2005, em Salvador, Bahia.

Agência de Notícias Anarquistas- Quando se deu a criação da Escola e Biblioteca Comunitária Professor José Oiticica? Faça um pequeno histórico dela
Eduardo Nunes- A biblioteca funciona desde 2005. A escola funciona desde 1971 quando chegou Antonio Fernandes Mendes e sua família no bairro de Valéria. Antonio, fugiu do Ceará na época da ditadura militar no Brasil para não ser preso, devido as suas atividades políticas, clandestinas, foi para o sul do Brasil (Paraná), em seguida, foi para o Rio e fez contato com o movimento anarquista no Rio de Janeiro. Do Rio viajou para Salvador com o nome de um anarquista da Bahia para contatos (Ricardo Líper). Chegando aqui se instalou no bairro de Valéria. Antonio pertence ao clã deAntonio Conselheiro, ecologista e anarquista, foi recuperando a área onde residia com espécies nativas. Desse trabalho, em 1978, ele e um grupo de estudantes anarquistas começaram a implantar uma horta, resultando na criação da Escola Horta Natureza, realizando cursos de agricultura orgânica, agrofloresta e ecologia. A horta abastecia vários restaurantes naturais de Salvador. Ao lado disso, ele realizava uma intensa militância nos meios sindicais e estudantis, foi um dos fundadores do jornal O Inimigo do Rei. A horta como ficou conhecida, recebia e recebe crianças, jovens e adultos, realiza cursos, reuniões, boletins, grupos de teatro no bairro, exibição de filmes. Antonio além do profundo conhecimento da natureza conhece os segredos da medicina natural, da fitoterapia.
ANA- Então essa escola também tem uma base ecologista, certo?
Eduardo- Ela é essencialmente ecologista social. Há uma preocupação muito grande em mostrar para as pessoas que freqüentam a escola de que devemos preservar as coisas boas do lugar, a natureza, os rios, as montanhas, as árvores, pois, sem elas não vivemos. Evitar a poluição e a depredação do nosso patrimônio ambiental e cultural. A escola ecológica luta pela justiça social e a preservação ambiental. Questionamos o modelo industrial capitalista e a forma de organização social e política atual. Propomos um modelo de sustentabilidade ao lado da descentralização política, gestão por bairros.
ANA- E José Oiticica é uma homenagem ao anarquista Oiticica?
Eduardo- É sim, a importância do anarquista José Oiticica em diversos campos do conhecimento e sua atuação política com as idéias anarquistas motivou o grupo a denominar a biblioteca com o seu nome.
ANA- Onde ela funciona?
Eduardo- No bairro de Valéria, subúrbio de Salvador, Bahia.
ANA- E como é a logística da escola, o espaço...
Eduardo- Temos uma área verde com muitas espécies nativas (Oiti, Ipê, Araticum, Paineira), bambu, árvores frutíferas (Jaca, Abacate, Cacau, Manga, Sapoti, Pitanga, Acerola, Mamão), plantas medicinais (Água de Levante, Tapete de Oxalá, Língua de Vaca, Gengibre, Babosa) plantas consideradas sagradas pelo candomblé, entre outras. Temos o espaço da biblioteca com livros infantis, literatura para jovens e adultos, livros escolares da 1ª a 8ª séries, módulos de pré-vestibulares, livros especializados em anarquismo, história, agricultura orgânica, jornais anarquistas.
ANA- E quem participa deste projeto?
Eduardo- Participam moradores do bairro, crianças, jovens, adultos, alunos de escolas públicas, de universidades, professores. Está aberta a todos que queiram colaborar, trocar experiências.
ANA- Todos são alunos e professores ao mesmo tempo, aprendendo e desaprendendo juntos?
Eduardo- Todos nós estamos sempre aprendendo, dos mais jovens aos mais velhos, fazemos errado, fazemos certo, esquecemos os nomes das plantas e das propriedades medicinais, aprendemos a fazer mudas, plantamos,cultivamos, tomamos banho de tanque. Esse tanque é o grande atrativo dos jovens do bairro, como não têm áreas de lazer, o tanque serve para aprender a nadar, diversão, refrescar. Porém, antes de tomarem banho devem praticar alguma coisa, ou ler algo na biblioteca.
ANA- A escola funciona todos os dias? Há classes regulares, matérias...Fale um pouco da dinâmica dela, essas coisas...
Eduardo- Funciona todos os dias, está sempre aberta, não existe classes regulares, nem horários, muito menos avaliações. Como é um local de visitação pública, basta chamar alguém, sendo recebido com todo carinho possível. Chegando lá, a pessoa pode se engajar em alguma atividade que esteja sendo desenvolvida no momento, pode também propor alguma coisa, ou ir pesquisar os livros da biblioteca. Em geral, há sempre coisas para se fazer, cercas, adubo, plantio, catar plásticos, fazer mandalas produtivas medicinais, coletar frutos. É uma escola viva, cada um vai aprendendo o que se tem em cada momento, sempre relacionamos, as questões sociais, a exploração do trabalhador, o desemprego, as drogas. Na escola discute-se sobre tudo. Recebemos alunos das escolas públicas do bairro, acompanhados de suas professoras e do amigo da escola, 40 a 50 alunos, vão em um turno, falamos dos problemas ambientais, de saúde, de política, e realizamos coisas práticas, aprendem a conhecer uma árvore, a importância para alimentação, para a saúde. As crianças e jovens do bairro participam da escola e da biblioteca, estão sempre presentes para tomar banho no tanque ou comer frutas.