sábado, 23 de agosto de 2008

Economia solidária e autogestão: um novo modelo de desenvolvimento

Economia solidária e autogestão: um novo modelo de desenvolvimento


Na metade do século XX cria-se uma espécie de obrigação política e moral da parte dos governos e dos cidadãos das nações já desenvolvidas chamadas de primeiro mundo para com os países chamados de terceiro mundo। Além disso, esse modelo desenvolvido do primeiro mundo torna-se o modelo a imitar em escala mundial (BRETÓN; GARCÍA; ROCA: 1999)1.

Contreras (1999:14)2 assinala, por exemplo, como foi elaborada uma reflexão sobre a construção social do conceito de subdesenvolvimento e o discurso do desenvolvimento। Denuncia, por sua vez, a assimilação linear do desenvolvimento ao crescimento econômico, desprezando modos de vida, formas de organização social e culturas que foram historicamente exploradas.

A prática da economia solidária e da autogestão foram identificadas pelos estudiosos inicialmente na forma de organização das sociedades indígenas, na economia das aldeias da idade média, nos embriões de cooperativismo no início da revolução industrial, através dos sovietes no período inicial da revolução russa, durante a guerra civil espanhola, na yugoslávia com os conselhos de autogestão।

Lisboa (2005)3, embora assinale que há limites entre a economia solidária e a autogestão, concorda que é uma característica que qualifica a economia solidária e que, em alguns casos, sem essa possa ficar irreconhecível।

Segundo este autor, economia solidária designa inúmeras experiências que incluem formas diversas de agricultura familiar; assentamentos do MST; empresas indstरिया is ou rurais recuperadas por meio da autogesttão; cooperativas; redes de catadores e recicladores; redes nacionais e internacionais de comércio justo; incubadoras de empresas; cooperativas populares; inúmeras experiências de finanças solidárias; clubes de trocas e as economias indígenas e dos quilombos” (p. 109)


O autor esclarece que este setor faz parte do mercado e que necessita, portanto, de design e marketing (p.109). Estabelece indicadores ambientais, sociais e econômicos para que se possa identificar um empreendimento como sendo parte de uma socioeconomia solidária. Os indicadores ambientais referem-se como é feita a gestão da água e dos resíduos; nos aspectos sociais, os valores predominantes (competição ou solidariedade?), fortalecimento da identidade e de empoderamento local, deve-se levar em conta os aspectos de etnia e gênero, saúde dos trabalhadores envolvidos; economicamente deve-se observar a não-exploração do trabalho, a forma de repartição do excedente e o grau de participação dentro da empresa, entre outros (p.113)


Recentemente, divulgou-se através da imprensa, as milhares de pequenas comunidades chinesas que vivem sem nenhuma interferência de órgãos governamentais. Santos (ibid.) apresenta uma série de experiências sobre o tema, o ressurgimento da economia solidária no Brasil, os micromovimentos na Índia, o cooperativismo na Espanha, a democracia participativa na África do Sul, as experiências de organização coletiva na Colômbia, a ação coletiva em Portugal, a União Geral de Cooperativas em Moçambique.


De fato, Santos apresenta uma série de experiências de economias alternativas que sejam viáveis às sociedades capitalistas (p.24). O mapa de alternativas apresentado pelo autor é bastante variado, incluindo desde “organizações econômicas populares constituídas pelos setores mais marginalizados na periferia até cooperativas prósperas no centro do sistema mundial” (p. 29).
A socioeconomia solidária não pode ocorrer sem um trabalho de educação ambiental, segundo Capra (2005)4 é necessário construir comunidades sustentáveis baseadas na “alfabetização ecológica” e na prática do projeto ecológico, compostas de redes ecológicas de fluxos de energia e matéria. Para este autor, a alfabetização ecológica permite compreender os princípios de organização que todos os ecossistemas desenvolveram para sustentar a teia da vida (p.238), é um importante instrumento para todas as pessoas (políticos, empresários, profissionais) e deve ser uma atividade fundamental no currículo escolar em todos os níveis.


Em seu centro de eco-alfabetização, Capra, desenvolve um sistema de educação para a vida sustentável para às escolas de primeiro e segundo grau. Em seguida, afirma, deve-se passar para o eco-planejamento (eco-design) pensar novas tecnologias e novas formas de organização social. Repensar nossa relação com a natureza e aprendermos com ela. Desenvolver as atividades sustentáveis como a agricultura orgânica ou a agroecologia que estão sendo retomadas em todo o mundo (p.241).

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que agora o blog ta mais parecido com a nossa cara!!!Valeu mas ainda não sei como enviar mensagens.