quarta-feira, 5 de agosto de 2009

AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO PARQUE SÃO BARTOLOMEU




Parque São Bartolomeu pede Socorro!

Uma equipe do ISVA - Antonio Mendes, Gilberto Machado, Igor Sant' Anna e Eduardo Nunes - foi visitar no dia primeiro de abril de 2009 o Parque São Bartolomeu. Encontramos um parque abandonado, a cachoeira de Oxumaré espumava devido aos esgotos de conjuntos habitacionais localizados à montante dela. A Cachoeira de Oxum está sem uma gota de água, ambas têm origem no rio Mané Dendê que nasce fora do parque. O parque é uma área aonde os iniciados do candomblé vêm trazer suas oferendas aos Orixás. 500 anos atrás a área era ocupada pelos índios Tupi situados na costa do Brasil, segundo o antropólogo José Augusto L. Sampaio, tinha uma população grande "cerca de um milhão de pessoas, com a mesma língua, a mesma cultura" (História, natureza e cultura: Parque metropolitano de Pirajá, 1998, p. 29). Além da ação religiosa com a catequese, a perseguição e matança dos índios foram ocorrendo ao longo dos séculos e, com a colonização foram implantados engenhos em suas terras e algumas áreas transformaram-se em quilombos. O crescimento urbano de Salvador já no século XX e, sobretudo, com a forte imigração dos anos 1970, as áreas mais distantes do centro de Salvador foram sendo ocupadas sem que houvesse uma intervenção urbana preocupada na qualidade de vida das pessoas e na preservação de áreas ambientalmente importantes de Mata Atlântica. Inúmeros esforços das associações comunitárias do entorno, grupos ambientalistas e as escolas lutam há anos para a recuperação da área com 2660 hectares abrangendo os municípios de Salvador e Simôes Filho. O ISVA continuará lutando pela preservação do parque e de outras áreas verdes importantes da cidade do Salvador.
PROPOSTA PARA O PARQUE METROPOLITANO SÃO BARTOLOMEU E MEMORIAL DE PIRAJÁ
SEMINÁRIO SOBRE A RECUPERAÇÃO DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU-
TERREIRO DE DONA SANTINHA-
7 DE JULHO DE 2007
A Proposta para recuperação do Parque Metropolitano São Bartolomeu e Memorial de Pirajá que o ISVA apresenta fundamenta-se no pressuposto de uso sustentável da área com base em amplas discussões e pesquisas já realizadas sobre o local. Todos os bairros do entorno com uma população de cerca de 600.000 pessoas passam por problemas sociambientais urbanos muito graves, a população com níves de renda baixo e alguns sem renda alguma exercem uma pressão negativa sobre o entorno do parque. O Parcelamento do solo urbano e a falta de infra-estrura básica como a precariedade do saneamento ambiental, dos serviços de saúde e educacionais agravam ainda mais a siutação. Por isso, deve-se ter uma atenção especial para integrar a população na defesa e preservação do ambiente florestal, disponibilizando meios e recursos permanentes para a melhoria da qualidade de vida dos moradores do seu entorno. Além de constituir-se numa área florestal com potencial para o lazer contemplativo da população.
Dispomos de muitos meios práticos para estas ações com a criação de uma agro-ecologia nos limites do parque e bairros do entorno praticando a permacultura e a silvicultura para assegurar uma progressiva sustentação do ambiente florestal de Pirajá. Sem isto, estaremos pondo em risco o manancial hídrico existente, uma reserva de água fundamental para o equilíbrio ambiental e para um futuro sustentável no município de Salvador. Devemos atentar que a contaminação dos rios urbanos e das reservas de água próximas ao nosso habitat não coloque em risco a nossa sustentabilidade local.
Medidas e Ações Urgentes:
Incentivar a criação de cooperativas baseadas na autogestão e na economia solidária
Recuperar as áreas degradadas com o plantio de árvores extrativistas da mata atlântica na seguinte ordem de prioridade: cajazeira, ingá, mangaba, araticum, goiaba, palmeiras diversas, urucum, ananais silvestres, pitombos, birreiros, jenipapo, jambolão, abacate, mutamba, murici da praia, bambu para artesanato com controle.
Recuperar o mangue abaixo da cachoeira do cobre até a enseada do cabrito.
Re-introduzir no interior da floresta árvores que foram suprimidas ao longo do tempo, como o Cedro verdadeiro, Sucupira roxa, Massaranduba, Jacarandá, Jatobá-pau-paraíba, Angelim, Tapicuru, Ipê amarelo, Ipê roxo, Louro do campo, Jequitibá, Açoita cavalo, Biribas, Gameleiras, Pau pombo, Candeias, Umbaúbas, Caroba, Carobinha.
Recuperar os antigos limites do Parque, definição da área-limite com ciclovia margeando o parque, sem diminuição da área florestal.
Levantamento classificatório das ervas rasteiras, arbustivas e trepadeiras, cipós e palmeiras existentes na floresta devido a sua grande variedade e inexistência de pesquisas/estudos específicos. O estudo realizado por prof. Carlos Fonseca com equipe do Projeto Rondon restringiu-se às arvores de médio e alto porte.
Delimitar uma faixa de 40 metros para uma agro-floresta com o plantio de 50 mil árvores da mata atlântica e silvestres intercaladas.
A criação de um horto herbário de plantas medicinais e da flora da mata atlântica.
Assegurar que a Empresa de Saneamento da Bahia-EMBASA destine um percentual fixo de sua receita para a manutenção/gestão do Parque.
Assegurar que os organismos florestais monitorem o extrativismo na mata sem danos para o ecossistema local.
Inventário fotográfico do Parque inclusive com o levantamento das áreas de risco do Parque.
Levantamento e classificação da fauna e flora do Parque.
Antonio Mendes e Eduardo Nunes

Nenhum comentário: