terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O perverso abandono do Parque São Bartolomeu





Pirajá, um monumento vivo da história do Brasil, um marco profundo da grande luta que enobrece o povo brasileiro – em especial o povo baiano – que com seu sangue derramado conquistou a liberdade, expulsando para sempre o tirano mor – Inácio Bandeira de Melo – do território brasileiro com toda sua guarda pretoriana e seus sequazes, deixando aqueles belos planaltos juncados de mortos, deixando à posteridade lições de coragem e heroísmo.

Floresta que infundiu profundos sentimentos ao genial poeta Castro Alves, que no seu poema ao Dois de Julho compara a grandeza e o heroísmo do povo aos cedros ali existentes que, augustos e majestosos, desafiavam as intempéries dos tempos.

Infelizmente as lições históricas daquela exuberante floresta não foram inseridas na prática do dia-a-dia ­– principalmente dos administradores públicos – que postergaram e tergiversaram sobre a proteção e segurança ambiental do parque São Bartolomeu e da reserva florestal do Pirajá, não respeitando o valor das plantas sagradas do culto afro-brasileiro ali existentes, como também aquela rica biodiversidade de plantas e ervas medicinais. A prova do que afirmo foi o estudo e pesquisa executados pelo Projeto Rondon, no início dos anos 1970, que teve como coordenador dos trabalhos de campo o Dr. Carlos Fonseca, emérito cientista no conhecimento de plantas meidicinais.
Estas postergações sistemáticas de vários administradores do município de Salvador tomaram rumos gravíssimos desde as duas administrações do Sr. Toninho Quebra-Barraco, que utilizou métodos draconianos, à imitação do tirano mor Inácio Bandeira de Melo, criando os mesmos guardas pretorianos que perseguem implacavelmente o mercado informal da cidade do Salvador, querendo ordenar este mercado livre, taxando os vendedores com valores espoliantes, diminuindo os espaços das barracas, criando grandes dificuldades para o barraqueiro guardar e proteger sua mercadoria.
Chamo a atenção das comunidades populares que residem no entorno daquela belíssima floresta, o sítio histórico de Pirajá e suas adjacências. Não se deixem iludir com idéias espúrias sopradas de longe e de cima para baixo, sejam elas do setor público, sejam do setor privado e até de Ongs que estejam desligadas da Geografia, da Ecologia e da Sociologia local por conta de interesses maquiavélicos, da insensatez diabólica, com maquinações sutis, com tiranias disfarçadas, minam e matam os sistemas naturais criados a milhões de anos pela ordem do universo. Aqui e ali se ouvem propostas absurdas como criação de abelhas européias e africanas altamente lesivas àquele sistema onde existem abelhas nativas, sem ferrões, com alta qualidade de seu mel e garantem o habitat local, como a uruçu, mandaçaia, jatai, jandaira e outras.
Sopram ainda a criação de hortas convencionais, sem contar que ali é uma reserva florestal fechada, o que temos a fazer é reflorestar, reconstruir os taludes existentes que foram suprimidos, utilizando plantas da Mata Atlântica e nos alinhamentos entre a comunidade e a reserva fazer uma agroecologia com plantas frutíferas oriundas da própria Mata Atlântica. Mas não, induzem a população a criarem peixes predadores do sistema hidrófilos de outras áreas em detrimento dos peixes nativos, citamos alguns como a traíra, o parú, as tilápias nativas, o piau, o cará, o acari, o cascudo, o bodó e o mandi entre outros que sustentam e garantem o sistema natural.
Essa gente com o discurso dogmático de crescimento a qualquer preço, mesmo que custe a vida de todos, incluindo eles mesmos, pois não enxergam um palmo além de seus narizes. Na natureza não existe apartheid e nem idéias absolutistas. Ela engloba a ordem do universo com suas leis implacáveis e criativas.
Após décadas, continua a omissão não apenas do poder público executivo, como também do Legislativo, da Câmara Municipal, que até hoje não criou projetos de proteção ambiental, não aprovou recursos do orçamento municipal ou estadual para proteção do nosso verde.


POR UMA GESTÃO POPULAR DO PARQUE SÃO BARTOLOMEU
CIDADANIA, AUTONOMIA E LIBERDADE
PRESERVAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

Antonio Fernandes Mendes

2 comentários:

Anônimo disse...

Tendo em vista a precáríssima situação do parque, lembro que é de nossa responsabilidade à tomada de medidas imediatas para o salvamento desse patrimônio em degradação.
Parabenizo, assim, a matéria e, como cidadã, tentarei contribuir de alguma forma para o salvamento do parque.

Gostaria de saber o e-mail do colunista.
O meu é luciahelenaveloso@hotmail.com

Anônimo disse...

Tendo em vista a precaríssima situação do parque, lembro que é de nossa responsabilidade à tomada de medidas imediatas para o salvamento desse patrimônio em degradação.
Parabenizo, assim, a matéria e, como cidadã, tentarei contribuir de alguma forma para o salvamento do parque.

Gostaria de saber o e-mail do colunista e do Instituto Socioambiental de Valéria.
O meu é luciahelenaveloso@hotmail.com