sábado, 24 de janeiro de 2009

É peso, é quilo, mamo na teta!

É peso, é quilo, mamo na teta!
Mas não sou perneta
Nem tenho partido
É bem verdade que a esquerda brasileira tem se remodelado nos anos pós ditadura militar se mascarando na a arte do ser pacífico, de se manter calada ou de dizer poucas palavras de ação. Essa é a publicidade que envolve todos e todas num discurso de participação e de desenvolvimento social. Os programas governamentais cada vez mais respondem ou calam a boca dos oprimidos e dão a sensação da presença do Estado Popular. As cifras de milhões em gastos com infra-estrutura são vistas nos outdoors das novas passarelas que ligam o público aos grandes empreendimentos empresariais, outros outdoors nos informam da erradicação de doenças no campo, do crescimento industrial e do cacete de Berneval.
Mas isso é comum né. É natural que o Estado se mostre como o tal, como o bom, o realizador, o protetor das nossas economias. Você se senti seguro, eu, minha irmã, minha mamãe e papi também.
Certa vez numa oficina de educomunicação para professores que estavam muito instigados a falar da coisa pública, da escola e seus processos de gestão, mediando os conflitos e falas, entrei na seara da Secretaria de Educação do Município, da verticalização do MEC e de repente eu falava para a assessora da secretaria e ela concordava, balançando a cabeça. Depois numa reunião do projeto, ouvi alguém dizer, que as vezes se fala muito e as pessoas não tão afim disso, mas sim de fazer coisas práticas. Fiquei surpreso, pois os professores avaliaram muito bem as oficinas em que mediei, diferente de outras oficinas do mesmo projeto. Daí percebi a violência simbólica e discursiva em que estava me envolvendo. Não poderia deixar de ser diferente me excluíram e me auto excluir deste trabalho.
Assim como o estado, as instituições e pessoas que mamam em suas tetas perpetuam o ato da auto manutenção de poder e violentam de formas exclusas àqueles que chegam com um discurso diferente, que criticam e vem propor algo efetivamente participativo, eminentemente nas bases da autogestão, do compromisso coletivo e ideais libertários. O discurso daqueles que aí estão no poder é tangencial, se configura nos bastidores, nas portas fechadas e quando saem às vistas, se dizem portadoras de irradiantes energias de felicidade, de paz e harmonia. São seres de natureza elevada, comprometidas e que se destacam no que fazem e ainda dizem que sofrem, pelos baixos salários dados aos servidores ou funcionários ou parceiros ou colaboradores ou empregados de suas instituições.
Como a mamadeira fica cada vez mais seca, as intuições e pessoas se profissionalizam e fazem um grande marketing de si mesmas esperando a hora de mamar mais. Bebês grandes, alguns barbudos como eu, também choram, pois como diz o velho ditado “quem não chora não mama”, alguns inclusive mamam até sangrar e continuam esperneando. A mama de leite muito agoniada com seus pequenos e gordos filhos, tenta guardar um pouco para aqueles que pouco mamam, pois sequer têm forças para puxar o soro. Daí acontecem os editais mais populares onde esqueléticos conseguem pequenos recursos, porém extremamente importantes para as suas ações, e terminam sobrevivendo doando força e amor aos outros esqueléticos que já não mamam, mas crescem em infernal realidade de vida.
Herbert da Silva

3 comentários:

Anônimo disse...

tudo que esses moços do estado popular fazem tem um único sentido: as próximas eleições...

Anônimo disse...

... pois se faz necessário que tudo continue como está. Para que eles - os moços do estado popular - se façam necessários!!!

Anônimo disse...

Chega de enviar recursos para a máquina burocrática do Estado, para os funcionários e para os corruptos. Se ainda não se pode substituir o Estado tem que utilizar os recursos públicos (do povo) para o povo. Repassar para as associações de moradores e ong's locais.